segunda-feira, 31 de outubro de 2011

(Uma homenagem singela aos 109 anos de Carlos Drumond de Andrade comemorados hoje)


Orelha drumondária


não tive
filhos
não tive
gado


apenas algumas
vaquinhas
vêm pastar
a grama
em frente
à minha casa


lembro-me
de Drumond
sólido urbano
gauche na vida
sentado
à beira-mar
de Copacabana.
(Mais um da série Poemas Revisitados)


a marca do zorro


no gueto
a violência
micro
da metrópole
macro

lâmina com
lâmina
bandidos
/heróis
travestis

tatuados.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

sonetinho de amor


amor não
tem limites
corporais
geográficos

amor não
tem pudores
estéticos
ou morais

amor é
amoral
aético

é sanfona
engorda /
emagrece.
Estações e crises


após a primavera
árabe
vem o inverno
europeu.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

As velhas paixões da juventude


remexo gavetas
deseperadamente
em busca
de resíduos
que comprovem
a sua passagem
pelo meu
mundo fechado
de décadas atrás


refaço memórias
investigo sinais
fotografias
rabiscos
tormentos
nada encontro
que me mostre
este sentimento
de um passado
remoto


não tenho tempo
ou know how
para criar
um mecanismo
do tempo
mas algo
nesta manhã
me diz
que você está
presa lá
em um vácuo

um lapso.