A morte silenciosa do poeta
o
poeta está
morto
mas
ninguém
vem
acorda-lo
parece
cumprir
uma
sina
uma
maldição
mitológica
deve
estar
assim
inepto
morto
há
milênios
sem
sangue
musculatura
o
coração
desfibrado
sem
trombetas
de
anjos
ou
fogo
de
demônios
sem
vigílias
homenagens
carpideiras
ou
cérbero
tampouco
o
barqueiro
do
rio eterno
para leva-lo
só
o impossível
parece
rondar
o
seu cadáver
sonâmbulo
o
inatingível
ainda
quer
impor-lhe
seu
espanto
o
poeta não
mais
existe
está
morto
desacordado
mas
ainda
parece
buscar
no
silêncio
volumoso
da boca
invisível
uma
maldita
palavra.
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