sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013



A morte silenciosa do poeta


o poeta está
morto
mas ninguém
vem acorda-lo

parece cumprir
uma sina
uma maldição
mitológica

deve estar
assim inepto
morto
há milênios

sem sangue
musculatura
o coração
desfibrado

sem trombetas
de anjos
ou fogo
de demônios

sem vigílias
homenagens
carpideiras
ou cérbero

tampouco
o barqueiro
do rio eterno
para  leva-lo

só o impossível
parece rondar
o seu cadáver
sonâmbulo

o inatingível
ainda quer
impor-lhe
seu espanto

o poeta não
mais existe
está morto
desacordado

mas ainda
parece buscar
no silêncio
volumoso

da  boca
invisível
uma maldita
palavra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário