Relógio do mal
distraídos, morreremos
o tempo não para
quanto menos
se espera
tchau!
já se foi
janeiro
já chegou
novo natal.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
Exercícios de ficção
solidão
construtivista
geometrias
assexuadas
cenário
linear.
trânsito
em transe
pedais
codificados
cinema
suspense.
batom
sangrento
macho/fêmea
subjetivos
arma
branca.
metodologia
dos grafites
bandido/herói
travestis
lâmina com
lâmina.
sombras
vorazes
corpo que
cai
numa metrópole
indigesta.
a marca
do herói
sujeito
oculto
zorro
tatuado.
construtivista
geometrias
assexuadas
cenário
linear.
trânsito
em transe
pedais
codificados
cinema
suspense.
batom
sangrento
macho/fêmea
subjetivos
arma
branca.
metodologia
dos grafites
bandido/herói
travestis
lâmina com
lâmina.
sombras
vorazes
corpo que
cai
numa metrópole
indigesta.
a marca
do herói
sujeito
oculto
zorro
tatuado.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Deletados
aquele poema
em constante
construção
que ia
e vinha
digitalmente
de agora
em diante
não vem mais
seus estalos
não foram
salvos
foram entregues
à própria
sorte
à deriva
no cristal
líquido.
em constante
construção
que ia
e vinha
digitalmente
de agora
em diante
não vem mais
seus estalos
não foram
salvos
foram entregues
à própria
sorte
à deriva
no cristal
líquido.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
terça-feira, 6 de julho de 2010
Trancamentos
o silêncio
das bibliotecas
apavora
tanto quanto
o dos cemitérios
( ambos são silêncios
de conteúdo
trancado )
livros são sólidos
compostos por letras
mortas
que só revivem
quando abertos
mortos são
ossos indecifráveis
que só
tomam corpo
quando lembrados
gestos e memória
são coisas de vivos
ruidosos
enquanto o silêncio
é inerente aos mortos
o segredo da morte
está no silêncio
das bibliotecas
ou no trancamento
dos cemitérios?
quem nos responderá:
o coveiro de livros
ou o livreiro
dos mortos?
o silêncio
das bibliotecas
apavora
tanto quanto
o dos cemitérios
( ambos são silêncios
de conteúdo
trancado )
livros são sólidos
compostos por letras
mortas
que só revivem
quando abertos
mortos são
ossos indecifráveis
que só
tomam corpo
quando lembrados
gestos e memória
são coisas de vivos
ruidosos
enquanto o silêncio
é inerente aos mortos
o segredo da morte
está no silêncio
das bibliotecas
ou no trancamento
dos cemitérios?
quem nos responderá:
o coveiro de livros
ou o livreiro
dos mortos?
sexta-feira, 25 de junho de 2010
a literatura não basta
( releitura )
o poeta rimbaud
decidiu ser
gauche na vida
viajou anos a fio
pelos desertos
africanos
vendendo armas
escurecendo
a pele
acabou morrendo
solitário
desiluminado
depois de uma
temporada
no inferno.
o poeta rimbaud
decidiu ser
gauche na vida
viajou anos a fio
pelos desertos
africanos
vendendo armas
escurecendo
a pele
acabou morrendo
solitário
desiluminado
depois de uma
temporada
no inferno.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Um anjo no meu inferno
no meu inferno
habita
um anjo
de olhos pretos
pretos
como a treva
que lhe sugere
bicho lascivo
de asas
sensuais
com uns
lábios rubros
rubros
como o sangue
que me ferve
num inferno
que se confunde
com o paraíso
que nos serve
para a fantasia
libidinosa
que me envolve.
habita
um anjo
de olhos pretos
pretos
como a treva
que lhe sugere
bicho lascivo
de asas
sensuais
com uns
lábios rubros
rubros
como o sangue
que me ferve
num inferno
que se confunde
com o paraíso
que nos serve
para a fantasia
libidinosa
que me envolve.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Um poeminha de 1980
apolo santo bebeu tanto
com mao-tsé vivo que
relembrou mitologias
o guevara a guerra fria
afrodite negra seria
se não fosse ariana
a invenção.
( do livrinho mimeografado
"O frevo a três contra o diabo a quatro",
edição independente / 1980 )
com mao-tsé vivo que
relembrou mitologias
o guevara a guerra fria
afrodite negra seria
se não fosse ariana
a invenção.
( do livrinho mimeografado
"O frevo a três contra o diabo a quatro",
edição independente / 1980 )
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Bissexto
( três meses após a última postagem aqui )
nada de novo
páginas em branco
fundo do poço
descobri que sou
a favor
do aborto
mato poemas
antes de
nascerem
graças a deus!
nada de novo
páginas em branco
fundo do poço
descobri que sou
a favor
do aborto
mato poemas
antes de
nascerem
graças a deus!
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
domingo, 14 de fevereiro de 2010
( dois exercícios sobre um tema )
Um fato curioso ocorreu comigo em 2003, se não me engano. Escrevi um poema sobre a palavra que falta quando você está estruturando um texto, principalmente no meu caso que sempre optei pelo verso mínimo, magro e seco.
Foi então que fiz o texto abaixo:
aquela que falta
busca-se inutilmente
na gramática
sua função
desdobramentos
verbo / tempo
elasticidade
origens.
construção rochosa
sedimentando
estigmas
organizando-se
partícula por partícula
elemento sólido
imóvel.
prótese ausente
no esqueleto
rígido
do poema
gerado
de um fóssil
bíblico.
................x...............
Muito bem, meses depois enviei-o entre outros textetos para um concurso literário no interior de Sâo Paulo. Nada, não devem ter gostado.
Então, no ano seguinte vi novamente o anúncio daquele concurso e resolvi fazer uma sacanagem ingênua. Pensei: estes jurados conservadores gostam mesmo é de poemas grandes, prolixos, metidos a besta, então lá vai. Reescrevi o texto numa outra estrutura, com várias estrofes, versos mais longos, etc. Enchi linguiça, na linguagem popular.
Resultado: o texto foi classificado em oitavo entre os vinte melhores do concuros, foi publicado em livro e tudo mais. Achei graça. Valeu o exercício para desmascarar a comissão julgadora...
Confiram como ficou:
Aquela que falta 2
no tenso vocabulário dos relâmpagos,
nas artérias e sulcos da terra desértica
ou na escrita de signos dos pergaminhos
a essência clássica da sua ausência
busca-se inutilmente nos alfabetos e línguas
de todas as tribos e civilizações perdidas,
até mesmo no dialeto de deuses mortos,
uma sombra ou poeira das suas sílabas
nem mesmo nos antigos manuais dos bruxos
ou nas obras imortais de mestres da literatura
uma só pista da sua existência ou função,
tampouco resíduos de seus desdobramentos
jamais se saberá se era sinônimo ou verbo,
como também não se analisará o seu tempo
ou se medirá a elasticidade e a estrutura
da sua bestial fonética, palavra árida;
nos mapas geológicos da vida mineral,
nos túneis mais profundos das minas
ou nas densas entranhas das cavernas
as digitais inexistentes do seu enigma
busca-se vestígios na construção rochosa
e nas gargantas magmáticas de um vulcão,
por mais extinta que seja a sua memória,
uma partícula qualquer do seu léxico
nem mesmo nos prismas transparentes
de cristais em brasa à flor da terra
um só grão da sua areia alfabética,
sequer uma lasca mínima da sua fúria
jamais se conhecerá a sua ação temporal
sedimentando estigmas e organizando-se,
partícula por partícula, no corpo imóvel
de um elemento sólido, palavra pedra;
no imensurável silêncio dos templos,
na liturgia universal dos mil cultos
ou nas benditas orações de povos vários
a sagrada lacuna da sua mística falta
busca-se apenas um simples monossílabo
nos rituais dos sacerdotes e na fé dos crentes,
ou mesmo na leitura labial das suas súplicas
que se evaporam na acústica das naves
nem mesmo nas catacumbas mais secretas
ou no cético bolor das bibliotecas profanas
uma só menção da sua secular blasfêmia,
tampouco traços de sangue do seu nome
jamais se conhecerá dela uma só vértebra,
pois será sempre aquela prótese ausente
no esqueleto imaginário de um salmo,
feito um fóssil bíblico, palavra óssea .
Um fato curioso ocorreu comigo em 2003, se não me engano. Escrevi um poema sobre a palavra que falta quando você está estruturando um texto, principalmente no meu caso que sempre optei pelo verso mínimo, magro e seco.
Foi então que fiz o texto abaixo:
aquela que falta
busca-se inutilmente
na gramática
sua função
desdobramentos
verbo / tempo
elasticidade
origens.
construção rochosa
sedimentando
estigmas
organizando-se
partícula por partícula
elemento sólido
imóvel.
prótese ausente
no esqueleto
rígido
do poema
gerado
de um fóssil
bíblico.
................x...............
Muito bem, meses depois enviei-o entre outros textetos para um concurso literário no interior de Sâo Paulo. Nada, não devem ter gostado.
Então, no ano seguinte vi novamente o anúncio daquele concurso e resolvi fazer uma sacanagem ingênua. Pensei: estes jurados conservadores gostam mesmo é de poemas grandes, prolixos, metidos a besta, então lá vai. Reescrevi o texto numa outra estrutura, com várias estrofes, versos mais longos, etc. Enchi linguiça, na linguagem popular.
Resultado: o texto foi classificado em oitavo entre os vinte melhores do concuros, foi publicado em livro e tudo mais. Achei graça. Valeu o exercício para desmascarar a comissão julgadora...
Confiram como ficou:
Aquela que falta 2
no tenso vocabulário dos relâmpagos,
nas artérias e sulcos da terra desértica
ou na escrita de signos dos pergaminhos
a essência clássica da sua ausência
busca-se inutilmente nos alfabetos e línguas
de todas as tribos e civilizações perdidas,
até mesmo no dialeto de deuses mortos,
uma sombra ou poeira das suas sílabas
nem mesmo nos antigos manuais dos bruxos
ou nas obras imortais de mestres da literatura
uma só pista da sua existência ou função,
tampouco resíduos de seus desdobramentos
jamais se saberá se era sinônimo ou verbo,
como também não se analisará o seu tempo
ou se medirá a elasticidade e a estrutura
da sua bestial fonética, palavra árida;
nos mapas geológicos da vida mineral,
nos túneis mais profundos das minas
ou nas densas entranhas das cavernas
as digitais inexistentes do seu enigma
busca-se vestígios na construção rochosa
e nas gargantas magmáticas de um vulcão,
por mais extinta que seja a sua memória,
uma partícula qualquer do seu léxico
nem mesmo nos prismas transparentes
de cristais em brasa à flor da terra
um só grão da sua areia alfabética,
sequer uma lasca mínima da sua fúria
jamais se conhecerá a sua ação temporal
sedimentando estigmas e organizando-se,
partícula por partícula, no corpo imóvel
de um elemento sólido, palavra pedra;
no imensurável silêncio dos templos,
na liturgia universal dos mil cultos
ou nas benditas orações de povos vários
a sagrada lacuna da sua mística falta
busca-se apenas um simples monossílabo
nos rituais dos sacerdotes e na fé dos crentes,
ou mesmo na leitura labial das suas súplicas
que se evaporam na acústica das naves
nem mesmo nas catacumbas mais secretas
ou no cético bolor das bibliotecas profanas
uma só menção da sua secular blasfêmia,
tampouco traços de sangue do seu nome
jamais se conhecerá dela uma só vértebra,
pois será sempre aquela prótese ausente
no esqueleto imaginário de um salmo,
feito um fóssil bíblico, palavra óssea .
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
roteiro das tempestades
( poema de 1989 revisitado )
as avós
fazem
tricô
enquanto
o céu tece
relâmpagos.
as mulheres
fertilizam
barrigas
os meninos
sonham
e morrem
pequeninos
com medo
de trovão
fim de tarde
um arco-íris
desbotado
tendo
ao fundo
coriscos
raios
que nos
partam!
para início
de conversa
continuamos
solitários
dançando
na chuva.
as avós
fazem
tricô
enquanto
o céu tece
relâmpagos.
as mulheres
fertilizam
barrigas
os meninos
sonham
e morrem
pequeninos
com medo
de trovão
fim de tarde
um arco-íris
desbotado
tendo
ao fundo
coriscos
raios
que nos
partam!
para início
de conversa
continuamos
solitários
dançando
na chuva.
taquaraçugeneris
o quintal repete
a mansidão
da selva
cana lâmina
sanhaços em fúria
devorações
o rio sonolento
faz a leitura
do seu curso
relendo a cidade
que passa
lenta
um céu de tédio
azul assombrado
com periquitos
a brisa embala
nas mangueiras
desejos de fuga
a tarde cai
desesperadamente
em vermelho
vento engarrafado
naquela estranha
tristeza
fogo pagô!
a mansidão
da selva
cana lâmina
sanhaços em fúria
devorações
o rio sonolento
faz a leitura
do seu curso
relendo a cidade
que passa
lenta
um céu de tédio
azul assombrado
com periquitos
a brisa embala
nas mangueiras
desejos de fuga
a tarde cai
desesperadamente
em vermelho
vento engarrafado
naquela estranha
tristeza
fogo pagô!
a literatura não basta
o poeta rimbaud
decidiu ser
gauche na vida
viajou anos a fio
pelos desertos
africanos
vendendo armas
escurecendo
a pele
acabou morrendo
solitário
desiluminado
depois de uma
temporada
no inferno.
decidiu ser
gauche na vida
viajou anos a fio
pelos desertos
africanos
vendendo armas
escurecendo
a pele
acabou morrendo
solitário
desiluminado
depois de uma
temporada
no inferno.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
A linguagem clara de Bandeira
Memórias
paredes
de cal
e rancor
janelas
trancando
a luz
portais
sustentando
angústias
dos restos
o resumo
da obra:
melancolia
de cupins
impunes.
Anorexias
crianças
esqueléticas
sonham
big-mac
com fritas
coca-cola
miséria social
é o lado ruim
da fome
pensa a
jovem
modelo.
Pequenos registros em hortas e jardins urbanos
vidraças opacas
sintonizam
besouros
lagartixas graves
sentenciam
vôos tediosos
roseiras rubras
sugerem
saúvas negras
tática de teias
aranhas
adjetivas
melancolia
de lesmas
nas begônias
soníferas lagartas
sonham
espessuras
insetos verbais
tamanha
gramática
taturanas
substantivas
natureza tenaz.
Confissão
nunca desejei
ossos
em meus
versos
nunca enxertei
épicos
em meus
textos
sempre busquei
a linguagem
clara
como nos
escritos de
Bandeira
embora nunca
consegui
tê-la.
paredes
de cal
e rancor
janelas
trancando
a luz
portais
sustentando
angústias
dos restos
o resumo
da obra:
melancolia
de cupins
impunes.
Anorexias
crianças
esqueléticas
sonham
big-mac
com fritas
coca-cola
miséria social
é o lado ruim
da fome
pensa a
jovem
modelo.
Pequenos registros em hortas e jardins urbanos
vidraças opacas
sintonizam
besouros
lagartixas graves
sentenciam
vôos tediosos
roseiras rubras
sugerem
saúvas negras
tática de teias
aranhas
adjetivas
melancolia
de lesmas
nas begônias
soníferas lagartas
sonham
espessuras
insetos verbais
tamanha
gramática
taturanas
substantivas
natureza tenaz.
Confissão
nunca desejei
ossos
em meus
versos
nunca enxertei
épicos
em meus
textos
sempre busquei
a linguagem
clara
como nos
escritos de
Bandeira
embora nunca
consegui
tê-la.
Orelha drumondária
não tive
filhos
não tive
gado
apenas algumas
vaquinhas
vêm pastar
a grama
em frente
à minha casa
lembro-me
de Drumond
sólido urbano
gauche na vida
sentado
à beira-mar
de Copacabana.
filhos
não tive
gado
apenas algumas
vaquinhas
vêm pastar
a grama
em frente
à minha casa
lembro-me
de Drumond
sólido urbano
gauche na vida
sentado
à beira-mar
de Copacabana.
No inferno também neva
I
Pouco
toda contenção
estética
provoca secura
na garganta
poesia de baixa
umidade
peço a deus
uma prosa densa
tensionada
por rimas
sutis
nas entrelinhas
mas ele não
me ouve
então purgo
meus pecados
neste deserto
textual
sacrifico palavras
em tempestades
de areia
louvo o corpo
anêmico
deste poema
(mínimo).
II
Cristal líquido
o criador
a criatura
suas sombras
se perturbam
o real
o imaginário
suas formas
se costuram
o real
o virtual
água e óleo
se misturam.
III
Epílogo brasiliense
a cidade morre
no domingo
mais estranha
do que tensa
pombos devoram
restos de civilização
em vias desertas
transversais
o silêncio paira
na gravidade
dos subterrâneos
sem homens
sons do vazio
reverberam
imagens do nada
nos prédios
melancolia fria
sobre a geometria
que se encerra
em ângulos retos
tudo se finda
um sol estúpido
estanca a liquidez
da tarde.
IV
Biografia humana
corpo
capítulo
cadáver
espírito
escárnio
ex-carne
terra
aterro
enterro
resumo
resto
resíduo
fosso
osso
fóssil.
V
Livro da morte
no manuscrito
original
sobre a morte
nos escombros
da biblioteca
de alexandria
boas novas
para os
pecadores
o paraíso é tropical
mas no inferno
também neva.
Pouco
toda contenção
estética
provoca secura
na garganta
poesia de baixa
umidade
peço a deus
uma prosa densa
tensionada
por rimas
sutis
nas entrelinhas
mas ele não
me ouve
então purgo
meus pecados
neste deserto
textual
sacrifico palavras
em tempestades
de areia
louvo o corpo
anêmico
deste poema
(mínimo).
II
Cristal líquido
o criador
a criatura
suas sombras
se perturbam
o real
o imaginário
suas formas
se costuram
o real
o virtual
água e óleo
se misturam.
III
Epílogo brasiliense
a cidade morre
no domingo
mais estranha
do que tensa
pombos devoram
restos de civilização
em vias desertas
transversais
o silêncio paira
na gravidade
dos subterrâneos
sem homens
sons do vazio
reverberam
imagens do nada
nos prédios
melancolia fria
sobre a geometria
que se encerra
em ângulos retos
tudo se finda
um sol estúpido
estanca a liquidez
da tarde.
IV
Biografia humana
corpo
capítulo
cadáver
espírito
escárnio
ex-carne
terra
aterro
enterro
resumo
resto
resíduo
fosso
osso
fóssil.
V
Livro da morte
no manuscrito
original
sobre a morte
nos escombros
da biblioteca
de alexandria
boas novas
para os
pecadores
o paraíso é tropical
mas no inferno
também neva.
O bom e velho poema piada
muito cedo descobri
que o poema
pode ser piada
mais tarde, por decência,
apliquei-lhe
alguns beletrismos
rococós inúteis
só para ficar
bacana
o verso seco
virou metáfora
substantivo sofisticado
o tiro saiu pela culatra
a palavra solta
ficou travada
o texto antes contido
padece obeso
superalimentado
será que é tarde
para retornar
ao velho poema piada
neste ofício diário
de obreiro de coisas
que não servem
para nada?
que o poema
pode ser piada
mais tarde, por decência,
apliquei-lhe
alguns beletrismos
rococós inúteis
só para ficar
bacana
o verso seco
virou metáfora
substantivo sofisticado
o tiro saiu pela culatra
a palavra solta
ficou travada
o texto antes contido
padece obeso
superalimentado
será que é tarde
para retornar
ao velho poema piada
neste ofício diário
de obreiro de coisas
que não servem
para nada?
poema quase e outros quase poemas
poema quase
um poema quase
é um estalo
que não expande
tem a idéia
mas não
a estrutura
ultrapassa o nada
mas não chega
ao tudo
um poema quase
esbarra no limite
da composição
tem a cabeça
mas falta-lhe
os pés
alguma forma
pouco
conteúdo.
Sentimentos
rancor é algo
que não
requer
frescor
ou ar
refrigerado
ressentimento?
sirva
gelado.
obscuro enigma
quem morre
dormindo
continua sonhando?
Fazeres
reflita sempre
sobre
velhos fazeres
das tripas
coração
do limão
limonada
não responda
nunca
velhas indagações
quantos paus
uma jangada?
um poema quase
é um estalo
que não expande
tem a idéia
mas não
a estrutura
ultrapassa o nada
mas não chega
ao tudo
um poema quase
esbarra no limite
da composição
tem a cabeça
mas falta-lhe
os pés
alguma forma
pouco
conteúdo.
Sentimentos
rancor é algo
que não
requer
frescor
ou ar
refrigerado
ressentimento?
sirva
gelado.
obscuro enigma
quem morre
dormindo
continua sonhando?
Fazeres
reflita sempre
sobre
velhos fazeres
das tripas
coração
do limão
limonada
não responda
nunca
velhas indagações
quantos paus
uma jangada?
Assinar:
Postagens (Atom)