Um texto em constante construção:
Exercício infinito sobre o estado das coisas
(...)
as coisas
são várias
densas
moles
tralhas
as coisas
são cruas
almas
carnes
duras
as coisas
são polpas
líquidas
sólidas
sopas
as coisas
são letras
frias
corpos
tetas
as coisas
são quentes
pele
ossos
dentes
as coisas
são tortas
curvas
escuras
mortas
as coisas
são largas
longas
quietas
parcas
as coisas
são raras
tensas
bestas
claras
as coisas
são réstias
nesgas
nexos
peças
as coisas
são duplas
tenras
únicas
frutas
(...)
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
(Poeminha autobiográfico)
Pouco
toda contenção
estética
provoca secura
na garganta
poesia de baixa
umidade
peço a deus
prosa densa
tensionada
por rimas
sutis nas
entrelinhas
mas ele não
me ouve
então purgo
meus pecados
neste deserto
textual
sacrifico palavras
em tempestades
de areia
louvo o corpo
anêmico
deste poema
mínimo.
Pouco
toda contenção
estética
provoca secura
na garganta
poesia de baixa
umidade
peço a deus
prosa densa
tensionada
por rimas
sutis nas
entrelinhas
mas ele não
me ouve
então purgo
meus pecados
neste deserto
textual
sacrifico palavras
em tempestades
de areia
louvo o corpo
anêmico
deste poema
mínimo.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
(poema em homenagem ao rio Piracicaba que deu origem à minha terra natal, João Monlevade, no Vale do Aço mineiro)
Com ler um rio dentro da cidade original
joão cabral de melo neto
se tivesse visto o piracicaba
imaginaria “um cão sem plumas” ?
todo rio faz
uma releitura
lenta
digestiva
das geografias
que assimila
nenhum rio
escolhe uma cidade
elas se erguem
à sua revelia
invadem margens
violam sua água
a cidade surgiu
do ferro e fogo
com esse rio
nas entranhas
serpente de fúria
e calmaria
durante as cheias
lambia casas
devorava incautos
depois acalmava-se
numa sonolenta
vigília surda
a calda do rio
como o corpo
dos homens
absorveu o aço
seus fluídos
seu ácido
as águas rubras
semimortas
não sentiram
o corpo urbano
indócil
expandir-se
na margem virtual
da cidade outra
lia-se o rio como morto
sem traduzir seus
ritos e tragédias
ou deduzir seu esgoto
mas o rio seguia
a sua escrita
selvagem
pouco denso
menos químico
mas indivísivel
enquanto a memória
sonâmbula
esquecia o rio
emparedado
na releitura eterna
da cidade original.
Com ler um rio dentro da cidade original
joão cabral de melo neto
se tivesse visto o piracicaba
imaginaria “um cão sem plumas” ?
todo rio faz
uma releitura
lenta
digestiva
das geografias
que assimila
nenhum rio
escolhe uma cidade
elas se erguem
à sua revelia
invadem margens
violam sua água
a cidade surgiu
do ferro e fogo
com esse rio
nas entranhas
serpente de fúria
e calmaria
durante as cheias
lambia casas
devorava incautos
depois acalmava-se
numa sonolenta
vigília surda
a calda do rio
como o corpo
dos homens
absorveu o aço
seus fluídos
seu ácido
as águas rubras
semimortas
não sentiram
o corpo urbano
indócil
expandir-se
na margem virtual
da cidade outra
lia-se o rio como morto
sem traduzir seus
ritos e tragédias
ou deduzir seu esgoto
mas o rio seguia
a sua escrita
selvagem
pouco denso
menos químico
mas indivísivel
enquanto a memória
sonâmbula
esquecia o rio
emparedado
na releitura eterna
da cidade original.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
As velhas paixões da juventude
remexo gavetas
deseperadamente
em busca
de resíduos
que comprovem
a sua passagem
pelo meu
mundo fechado
de décadas atrás
refaço memórias
investigo sinais
fotografias
rabiscos
tormentos
nada encontro
que me mostre
este sentimento
de um passado
remoto
não tenho tempo
ou know how
para criar
um mecanismo
do tempo
mas algo
nesta manhã
me diz
que você está
presa lá
em um vácuo
um lapso.
remexo gavetas
deseperadamente
em busca
de resíduos
que comprovem
a sua passagem
pelo meu
mundo fechado
de décadas atrás
refaço memórias
investigo sinais
fotografias
rabiscos
tormentos
nada encontro
que me mostre
este sentimento
de um passado
remoto
não tenho tempo
ou know how
para criar
um mecanismo
do tempo
mas algo
nesta manhã
me diz
que você está
presa lá
em um vácuo
um lapso.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
domingo, 25 de setembro de 2011
Diário de sábado
chuva em
brasília
só se for
de cinzas
sábado de fogo
na floresta
aviões no céu
tão pesado
quanto a guitarra
do kurt cobain
hoje faz 20 anos
de "nevermind"
a televisão toca
nirvana o dia todo
a secura invade
a boca, o corpo
que vibra ao
som único
de seattle
enquanto brasília
ferve
chuva por aqui
só for
de cinzas.
chuva em
brasília
só se for
de cinzas
sábado de fogo
na floresta
aviões no céu
tão pesado
quanto a guitarra
do kurt cobain
hoje faz 20 anos
de "nevermind"
a televisão toca
nirvana o dia todo
a secura invade
a boca, o corpo
que vibra ao
som único
de seattle
enquanto brasília
ferve
chuva por aqui
só for
de cinzas.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
(Da série: Revisitações & Releituras)
Relendo Ana Cristina César e Silvia Plath
(a) cúmulo
de lirismo
em corações
depredadores
trepadeiras
artérias
vasos
de sanguíneos
lírios raros
hemorragias
e secções
um coração
partido
e meio
um corpo
que cai
do 14º
devagar
inho
( a seus pés )
corações
extremados
com acúmulo
de lirismo
sólido
seco
líquido
gasoso
frio.
Relendo Ana Cristina César e Silvia Plath
(a) cúmulo
de lirismo
em corações
depredadores
trepadeiras
artérias
vasos
de sanguíneos
lírios raros
hemorragias
e secções
um coração
partido
e meio
um corpo
que cai
do 14º
devagar
inho
( a seus pés )
corações
extremados
com acúmulo
de lirismo
sólido
seco
líquido
gasoso
frio.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
(Da série Revisitações & Releituras)
Infância sob Casimiro & Gonçalves
nos objetos
da casa
a sensação
de ruídos
a tristeza
imediata
no tormento
que nos
varre
feito o tiroteio
heróico atrás
das cancelas
dos meus
oito anos
ruína sob
ruína
a memória
constrói sua
história torta
ruína sob
ruína
a canção
do exílio
se encerra.
Infância sob Casimiro & Gonçalves
nos objetos
da casa
a sensação
de ruídos
a tristeza
imediata
no tormento
que nos
varre
feito o tiroteio
heróico atrás
das cancelas
dos meus
oito anos
ruína sob
ruína
a memória
constrói sua
história torta
ruína sob
ruína
a canção
do exílio
se encerra.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
segunda-feira, 25 de julho de 2011
sexta-feira, 22 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
terça-feira, 19 de julho de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
quarta-feira, 6 de julho de 2011
terça-feira, 5 de julho de 2011
Sentidos Meios
Poema visual de Geraldo Magela animado por Gustavo Serrate
Confira em:
http://www.vimeo.com/25988893
Confira em:
http://www.vimeo.com/25988893
sábado, 2 de julho de 2011
(O poema abaixo é de julho de 1983 e foi feito especialmente para a minha eterna paixão Vaninha e foi montado em uma exposição gráfica que, infelizmente, não dá para reproduzir aqui)
2001, uma odisséia para Vânia
no mapa
a geologia
do beijo
no beijo
a biologia
da boca
na boca
a geografia
do sentido
ouço
sons
alço
sons
hosana
nas alturas
o seu nariz
gelado
em julho
hosana
nas alturas
eu te percebo
atrás do novo
verbo deste
poema artesanal
eu te traduzo
através deste
novo gesto
verbocorporal
a minha nave
o meu trovão
a lentidão
do espaço
em branco
a nossa nave
o nosso trovão
a velocidade do
espaço em cores
leio nos
seus olhos
os seus
olhos nus
meus olhos
lendo a
calma e
o coração
a pele
( o resto se dane )
o tato
(que o resto se dane )
a carne
( antes que o resto se dane)
no espaço
interior
as nossas bocas
linguam-se
no espaço exterior
as nossas línguas
bocam-se
quebro o gelo
mamutes à solta
história geral
sou pagão
te adoro
agora um
pulo cardíaco:
te amo
o meu amor
arranha-céu
na quinta rua
que cruza
com a getúlio vargas
um beijo
o raio
rosa
o raio
roça-
me
o corpo
corpo
a alma
alma
sinto
as suas
mãos
medo já não tenho
mulher
de peixes
aqui
deixo
o corpo
e os vasos
sagrados
da alma
e a água
e o sangue
em adoração
e declaro
para todas
raças
e confins
o único giro
nós
em torno
de nós
planetas
por
planetas
felicidade
eu sei
que sim.
2001, uma odisséia para Vânia
no mapa
a geologia
do beijo
no beijo
a biologia
da boca
na boca
a geografia
do sentido
ouço
sons
alço
sons
hosana
nas alturas
o seu nariz
gelado
em julho
hosana
nas alturas
eu te percebo
atrás do novo
verbo deste
poema artesanal
eu te traduzo
através deste
novo gesto
verbocorporal
a minha nave
o meu trovão
a lentidão
do espaço
em branco
a nossa nave
o nosso trovão
a velocidade do
espaço em cores
leio nos
seus olhos
os seus
olhos nus
meus olhos
lendo a
calma e
o coração
a pele
( o resto se dane )
o tato
(que o resto se dane )
a carne
( antes que o resto se dane)
no espaço
interior
as nossas bocas
linguam-se
no espaço exterior
as nossas línguas
bocam-se
quebro o gelo
mamutes à solta
história geral
sou pagão
te adoro
agora um
pulo cardíaco:
te amo
o meu amor
arranha-céu
na quinta rua
que cruza
com a getúlio vargas
um beijo
o raio
rosa
o raio
roça-
me
o corpo
corpo
a alma
alma
sinto
as suas
mãos
medo já não tenho
mulher
de peixes
aqui
deixo
o corpo
e os vasos
sagrados
da alma
e a água
e o sangue
em adoração
e declaro
para todas
raças
e confins
o único giro
nós
em torno
de nós
planetas
por
planetas
felicidade
eu sei
que sim.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
terça-feira, 14 de junho de 2011
(poema revisitado - de vez em quando em bom mexer/revirar/remexer nos velhos textos)
fuzarca noturna para orquestra sem piano
violino transviado
interrompe
solo de flauta
transversa
a noite traz
consigo
a erudição
dos violoncelos
a sensualidade
comedida
da violoncelista
míope
tempestade de gritos
metais agudos
caem sobre
flautins passivos
prato bissexto
prato feito
para um bumbo
histérico
sax bêbado
harpa onírica
atmosfera etílica
caoslírica
violas erotizadas
clarins maliciosos
trompas em sussurros
orgasmo explícito
piano
pianíssimo
pianissíssimo
o pianista faltou
sons enlouquecidos
anti-orquestra
sem rumo
nem partituras
puro sexo.
fuzarca noturna para orquestra sem piano
violino transviado
interrompe
solo de flauta
transversa
a noite traz
consigo
a erudição
dos violoncelos
a sensualidade
comedida
da violoncelista
míope
tempestade de gritos
metais agudos
caem sobre
flautins passivos
prato bissexto
prato feito
para um bumbo
histérico
sax bêbado
harpa onírica
atmosfera etílica
caoslírica
violas erotizadas
clarins maliciosos
trompas em sussurros
orgasmo explícito
piano
pianíssimo
pianissíssimo
o pianista faltou
sons enlouquecidos
anti-orquestra
sem rumo
nem partituras
puro sexo.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Saudações aos delirantes
Coletânea de poemas premiada com Menção Honrosa e classificada entre as nove melhores do Prêmio Nacional de Poesia - Cidade Ipatinga / 2010, cujo resultado está no site www.clesi.com.br. Como sempre, os vencedores serão publicados em livro.
Trancamentos
o silêncio
das bibliotecas
apavora
tanto quanto
o dos cemitérios
( ambos são silêncios
de conteúdo
trancado )
livros são sólidos
compostos por letras
mortas
que só revivem
quando abertos
mortos são
ossos indecifráveis
que só
tomam corpo
quando lembrados
gestos e memória
são coisas de vivos
ruidosos
enquanto o silêncio
é inerente aos mortos
o segredo da morte
está no silêncio
das bibliotecas
ou no trancamento
dos cemitérios?
quem nos responderá:
o coveiro de livros
ou o livreiro
dos mortos?
Deletados
aquele poema
em constante
construção
que ia
e vinha
digitalmente
de agora
em diante
não vem mais
seus estalos
não foram
salvos
foram entregues
à própria
sorte
à deriva
no cristal
líquido.
um anjo
no meu inferno
habita
um anjo
de olhos pretos
pretos
como a treva
que lhe sugere
bicho lascivo
de asas
sensuais
com lábios rubros
rubros
como o sangue
que me ferve
num inferno
que se confunde
com o paraíso
que nos serve
para a fantasia
libidinosa
que me envolve.
manhã
saudações
aos delirantes
que vazam
as noites
sem deduzir
um só dia
trapos negros
rostos sujos
nos sinais
estendem mãos
mais sujas
ainda:
moço
me dá
um troco
pra comprar
um (café)
uma pedra.
Fazeres
reflita sempre
sobre
velhos fazeres
das tripas
coração
do limão
limonada
não responda
nunca
velhas indagações
quantos paus
uma jangada?
Coletânea de poemas premiada com Menção Honrosa e classificada entre as nove melhores do Prêmio Nacional de Poesia - Cidade Ipatinga / 2010, cujo resultado está no site www.clesi.com.br. Como sempre, os vencedores serão publicados em livro.
Trancamentos
o silêncio
das bibliotecas
apavora
tanto quanto
o dos cemitérios
( ambos são silêncios
de conteúdo
trancado )
livros são sólidos
compostos por letras
mortas
que só revivem
quando abertos
mortos são
ossos indecifráveis
que só
tomam corpo
quando lembrados
gestos e memória
são coisas de vivos
ruidosos
enquanto o silêncio
é inerente aos mortos
o segredo da morte
está no silêncio
das bibliotecas
ou no trancamento
dos cemitérios?
quem nos responderá:
o coveiro de livros
ou o livreiro
dos mortos?
Deletados
aquele poema
em constante
construção
que ia
e vinha
digitalmente
de agora
em diante
não vem mais
seus estalos
não foram
salvos
foram entregues
à própria
sorte
à deriva
no cristal
líquido.
um anjo
no meu inferno
habita
um anjo
de olhos pretos
pretos
como a treva
que lhe sugere
bicho lascivo
de asas
sensuais
com lábios rubros
rubros
como o sangue
que me ferve
num inferno
que se confunde
com o paraíso
que nos serve
para a fantasia
libidinosa
que me envolve.
manhã
saudações
aos delirantes
que vazam
as noites
sem deduzir
um só dia
trapos negros
rostos sujos
nos sinais
estendem mãos
mais sujas
ainda:
moço
me dá
um troco
pra comprar
um (café)
uma pedra.
Fazeres
reflita sempre
sobre
velhos fazeres
das tripas
coração
do limão
limonada
não responda
nunca
velhas indagações
quantos paus
uma jangada?
segunda-feira, 6 de junho de 2011
terça-feira, 31 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
quinta-feira, 12 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
(51 anos de Brasília)
Epílogo brasiliense
a cidade morre
no domingo
mais estranha
do que tensa
pombos devoram
restos de civilização
em vias desertas
transversais
o silêncio paira
na gravidade
dos subterrâneos
sem homens
sons do vazio
reverberam
imagens do nada
nos edifícios
melancolia fria
sobre a geometria
que se encerra
em ângulos retos
tudo se finda
um sol estúpido
estanca a liquidez
da tarde.
Epílogo brasiliense
a cidade morre
no domingo
mais estranha
do que tensa
pombos devoram
restos de civilização
em vias desertas
transversais
o silêncio paira
na gravidade
dos subterrâneos
sem homens
sons do vazio
reverberam
imagens do nada
nos edifícios
melancolia fria
sobre a geometria
que se encerra
em ângulos retos
tudo se finda
um sol estúpido
estanca a liquidez
da tarde.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
terça-feira, 12 de abril de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
domingo, 13 de março de 2011
Abaixo, outro texto poético dos anos 90 que gosto muito. Não se importem, pois algumas pessoas aí já morreram. É a vida!
O caçador de abstratos
Cotidianamente rezo um rosário de palavrões. ( Que vá à merda ). Cássia Eller no digital. Diz a crítica: ( Cago. Ando. Cago ) ela está melhor. O telefone mudo. A voz muda. Estamos todos meio afônicos. Síndrome de bossa nova. Somos todos infelizes, disse Machado em suas memórias póstumas. Um grupo inglês sombrio à luz do dia. Pós modernos nos postamos melancólicos. Cotidianamente rezo um rosário de tesões. Sheilas nuas num out-door.
Estou sempre aflito. Me grito. Me calo. ( Falo ). Desesperado. Acho que vou destruir algo. Talvez todos os meus escritos. Lírico abandonado. Romântico desinspirado. A rima foi um simples acaso. Detesto rimas. Detesto vídeo games. Detesto alguns sites na internet. Detesto tudo aquilo que não sei manusear. Por isto este barco à deriva? Por isto esta raiva absurda? Somos todos absurdos, disse Beckett antes de Malone morrer. Esperamos por Godot. Mas quem aparece é Godard. Diz a crítica: ( Cago. Ando. Cago ) ele está pior. Cotidianamente crio um rosário de caos. Objetos. Ereções. Angulações concretas. Retas. David Byrne toca samba. As luzes da cidade me apavoram. Prefiro a tranquilidade grotesca das trevas. O olhar opaco de um Borges.
João Cabral de Melo Neto levou para o escuro eterno a sua visão periférica. Memórias do presente um minuto atrás. O passado um segundo à frente.
Um poema que parte o vidro. É disto que eu preciso. Não é nada disso. Parte-se o tempo. Somos todos frios, diz um escritor eurocomunista em extinção. Estamos fervendo. Ficando loucos. Globalizando-se. Estamos assim há vários anos. Talvez seja este o nosso prazer.Buscamos a forma. Desistimos da fama. O conteúdo, mesmo que seja em vão. Egos com creme de leite nacional. Os homens se tornam cyborgs. Mas sempre terão alma. Ou então uma arma. Já que tudo é tão concreto. Sempre. Tudo indica que continuaremos em fuga. Sempre. Blade Runner caça agora os abstratos.
O caçador de abstratos
Cotidianamente rezo um rosário de palavrões. ( Que vá à merda ). Cássia Eller no digital. Diz a crítica: ( Cago. Ando. Cago ) ela está melhor. O telefone mudo. A voz muda. Estamos todos meio afônicos. Síndrome de bossa nova. Somos todos infelizes, disse Machado em suas memórias póstumas. Um grupo inglês sombrio à luz do dia. Pós modernos nos postamos melancólicos. Cotidianamente rezo um rosário de tesões. Sheilas nuas num out-door.
Estou sempre aflito. Me grito. Me calo. ( Falo ). Desesperado. Acho que vou destruir algo. Talvez todos os meus escritos. Lírico abandonado. Romântico desinspirado. A rima foi um simples acaso. Detesto rimas. Detesto vídeo games. Detesto alguns sites na internet. Detesto tudo aquilo que não sei manusear. Por isto este barco à deriva? Por isto esta raiva absurda? Somos todos absurdos, disse Beckett antes de Malone morrer. Esperamos por Godot. Mas quem aparece é Godard. Diz a crítica: ( Cago. Ando. Cago ) ele está pior. Cotidianamente crio um rosário de caos. Objetos. Ereções. Angulações concretas. Retas. David Byrne toca samba. As luzes da cidade me apavoram. Prefiro a tranquilidade grotesca das trevas. O olhar opaco de um Borges.
João Cabral de Melo Neto levou para o escuro eterno a sua visão periférica. Memórias do presente um minuto atrás. O passado um segundo à frente.
Um poema que parte o vidro. É disto que eu preciso. Não é nada disso. Parte-se o tempo. Somos todos frios, diz um escritor eurocomunista em extinção. Estamos fervendo. Ficando loucos. Globalizando-se. Estamos assim há vários anos. Talvez seja este o nosso prazer.Buscamos a forma. Desistimos da fama. O conteúdo, mesmo que seja em vão. Egos com creme de leite nacional. Os homens se tornam cyborgs. Mas sempre terão alma. Ou então uma arma. Já que tudo é tão concreto. Sempre. Tudo indica que continuaremos em fuga. Sempre. Blade Runner caça agora os abstratos.
quarta-feira, 9 de março de 2011
segunda-feira, 7 de março de 2011
Um poema velho com jeito de "novo" (do meu livreto inédito Texto Selva", lá dos anos 90):
sólidos para artes plásticas
signos
cores
grafias
sentido plural.
ossos
tecidos
sedimentos
tela fóssil.
acrílica sobre
madeira
podre
poema reciclado.
óleo
areia
pigmentos
vanguarda acadêmica.
ferro. aço.
ferro. fibra.
ferro. plástico.
subjetivos industriais.
estruturas
construções
metais
guindaste estético.
fios sintéticos
cizal moldando
argila
mãos didáticas.
resina
terra
grafite
camadas nervosas.
dejetos
detritos
lixo diário
essência orgânica.
cão morto
sobre
tela
composição/decomposição.
sólidos para artes plásticas
signos
cores
grafias
sentido plural.
ossos
tecidos
sedimentos
tela fóssil.
acrílica sobre
madeira
podre
poema reciclado.
óleo
areia
pigmentos
vanguarda acadêmica.
ferro. aço.
ferro. fibra.
ferro. plástico.
subjetivos industriais.
estruturas
construções
metais
guindaste estético.
fios sintéticos
cizal moldando
argila
mãos didáticas.
resina
terra
grafite
camadas nervosas.
dejetos
detritos
lixo diário
essência orgânica.
cão morto
sobre
tela
composição/decomposição.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Abaixo um poema do poeta/jornalista, amigo e parceiro de peripécias
Wir Caetano:
Guimba Underground
(Pra Rubinho Troll)
Freud morreu de câncer
do tabaco dos defuntos
detonou o próprio ego
na piscina dos pés juntos
Freud engoliu tabaco
só por desejá-lo muito
como quem deseja a mãe
dos vivos e dos defuntos
Freud morreu mamando
o tabaco lá no fundo
como abraço de um amigo
que dá um mamilo junto
Wir Caetano:
Guimba Underground
(Pra Rubinho Troll)
Freud morreu de câncer
do tabaco dos defuntos
detonou o próprio ego
na piscina dos pés juntos
Freud engoliu tabaco
só por desejá-lo muito
como quem deseja a mãe
dos vivos e dos defuntos
Freud morreu mamando
o tabaco lá no fundo
como abraço de um amigo
que dá um mamilo junto
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
sábado, 19 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Segue abaixo o conjunto de cinco textos poéticos premiados com Menção Honrosa no 6º Prêmio Nacional de Poesia – Cidade Ipatinga e que agora será publicado em livro pelo Clube de Escritores daquela cidade (Clesi).
Este é o único "concurso literário" do qual participo todos os anos, desde 2002, quando fui premiado em primeiro lugar no Prêmio Nacional de Poesia Carlos Drumond de Andrade. Pela seriedade do pessoal de lá.
Confiram os poemetos:
Roteiro das tempestades
as avós
fazem
tricô
enquanto
o céu tece
relâmpagos.
mulheres
fertilizam
barrigas
meninos
sonham
e morrem
pequeninos
com medo
de trovão.
fim de tarde
um arco-íris
desbotado
tendo
ao fundo
coriscos
raios
que nos
partam!
para início
de conversa
continuamos
solitários
dançando
na chuva.
Aquela que falta
busca-se inutilmente
na gramática
sua função
desdobramentos
verbo / tempo
elasticidade
origens.
construção rochosa
sedimentando
estigmas
organizando-se
partícula por partícula
elemento sólido
imóvel.
prótese ausente
no esqueleto
rígido
do poema
gerado
de um fóssil
bíblico.
Noturnos
na tessitura da noite
sedução dos labirintos
coquetéis de líquidos
raros
jogos e armadilhas
pequenos crimes
perfeitos
músicos delirantes
improvisam
sobre tema surreal
num eterno duelo
de saxofones
sexuais
tambores nas trevas
coral de sirenes
estilhaços
naipes de metralha
compõem
uma serenata urbana
a insônia reza
todos os mistérios
do meu rosário
de devorações
arco de fogo
o sono circular
circulará
tigres sonâmbulos
homens circunspectos
monólogos.
O bom e velho poema-piada
muito cedo descobri
que o poema
pode ser piada
mais tarde, por decência,
apliquei-lhe
alguns beletrismos
rococós inúteis
só para ficar
bacana
o verso seco
virou metáfora
substantivo sofisticado
o tiro saiu pela culatra
a palavra solta
ficou travada
o texto antes contido
superalimentado
agora padece obeso
será que é tarde
para retornar
ao velho poema-piada
neste ofício diário
de obreiro de coisas
que não servem para nada?
Orelha drumondária
não tive
filhos
não tive
gado
apenas algumas
vaquinhas
vêm pastar
a grama
em frente
à minha casa
lembro-me
de Drumond
sólido urbano
gauche na vida
sentado
à beira-mar
de Copacabana.
Este é o único "concurso literário" do qual participo todos os anos, desde 2002, quando fui premiado em primeiro lugar no Prêmio Nacional de Poesia Carlos Drumond de Andrade. Pela seriedade do pessoal de lá.
Confiram os poemetos:
Roteiro das tempestades
as avós
fazem
tricô
enquanto
o céu tece
relâmpagos.
mulheres
fertilizam
barrigas
meninos
sonham
e morrem
pequeninos
com medo
de trovão.
fim de tarde
um arco-íris
desbotado
tendo
ao fundo
coriscos
raios
que nos
partam!
para início
de conversa
continuamos
solitários
dançando
na chuva.
Aquela que falta
busca-se inutilmente
na gramática
sua função
desdobramentos
verbo / tempo
elasticidade
origens.
construção rochosa
sedimentando
estigmas
organizando-se
partícula por partícula
elemento sólido
imóvel.
prótese ausente
no esqueleto
rígido
do poema
gerado
de um fóssil
bíblico.
Noturnos
na tessitura da noite
sedução dos labirintos
coquetéis de líquidos
raros
jogos e armadilhas
pequenos crimes
perfeitos
músicos delirantes
improvisam
sobre tema surreal
num eterno duelo
de saxofones
sexuais
tambores nas trevas
coral de sirenes
estilhaços
naipes de metralha
compõem
uma serenata urbana
a insônia reza
todos os mistérios
do meu rosário
de devorações
arco de fogo
o sono circular
circulará
tigres sonâmbulos
homens circunspectos
monólogos.
O bom e velho poema-piada
muito cedo descobri
que o poema
pode ser piada
mais tarde, por decência,
apliquei-lhe
alguns beletrismos
rococós inúteis
só para ficar
bacana
o verso seco
virou metáfora
substantivo sofisticado
o tiro saiu pela culatra
a palavra solta
ficou travada
o texto antes contido
superalimentado
agora padece obeso
será que é tarde
para retornar
ao velho poema-piada
neste ofício diário
de obreiro de coisas
que não servem para nada?
Orelha drumondária
não tive
filhos
não tive
gado
apenas algumas
vaquinhas
vêm pastar
a grama
em frente
à minha casa
lembro-me
de Drumond
sólido urbano
gauche na vida
sentado
à beira-mar
de Copacabana.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
tudo aqui é ficção
lá fora
uma chuva
insistente
de pássaros
negros
mortos
no telhado
de vidro
dentro um
silêncio
estúpido
interrompido
pelos ruídos
secos
dos corpos
das aves
mortas
é o fim
do mundo
é o fim
de tudo
que nunca
existiu
realmente
aqui dentro
ou fora
tudo aqui
é ficção
os pássaros
negros
mortos
estão na tela
da televisão
não há telhado
muito menos
de vidro
a chuva
lá fora
parou faz
tempo
e o tempo
também.
lá fora
uma chuva
insistente
de pássaros
negros
mortos
no telhado
de vidro
dentro um
silêncio
estúpido
interrompido
pelos ruídos
secos
dos corpos
das aves
mortas
é o fim
do mundo
é o fim
de tudo
que nunca
existiu
realmente
aqui dentro
ou fora
tudo aqui
é ficção
os pássaros
negros
mortos
estão na tela
da televisão
não há telhado
muito menos
de vidro
a chuva
lá fora
parou faz
tempo
e o tempo
também.
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